
Onde fica a inspiração, senão nunca música velha esquecida por alguém do qual você nunca esquece. No calor que o lençol -desgastado, velho, quase inútil, quase como você- te propõe. No cheiro daquele alguém impregnado naquela blusa branca e velha rasgada, ali, jogada ao chão. No pulsar desesperado de um coração em pedaços. Na ponta de uma caneta com sua tinta quase pela metade, acompanhando um papel manchado por lágrimas que surgiram de pensamentos frequentes de que alguma coisa -que eu ainda não sei- na vida é falha. Onde é que tá a inspiração naquelas palavras que já foram usadas diversas vezes pra dizer todos os dias as mesmas coisas, senão no sorriso daquele que mora ali ao lado mas, que está a quilômetros de distância da sua vida. No olhar apaixonante de um apaixonado que não sente paixão por ti. Naquela música lenta, depressiva e repetida, que por horas e horas fora esquecida na vitrola, assim como aquela taça de vinho pela metade em cima da escrivaninha que continha papeis rabiscados com frases nunca escritas. Cadê a inspiração, senão naqueles dias parados em que chove dentro de você mas, o sol se põe lá fora. Onde a vida de uma flor murcha é mais agitada que a sua. Onde tá a inspiração, senão naqueles dias em que nada te inspira.
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